sábado, 24 de abril de 2010

***** AMOR NO PARAÍSO ...OU NOS PORTÕES DO INFERNO?


O amor da mãe por seu filho, pode abrir as portas do paraíso, ou somente os portões do inferno...
O nascimento da criança desejada, gera uma autêntica dependência entre a mãe e o seu pequenino e frágil filho; é algo natural e garante os cuidados fundamentais e toda proteção necessária para o saudável desenvolvimento da criança. No início da vida, o filho depende integralmente da mãe e a mãe depende emocionalmente de sua plena interação com o pequenino filho. Os fortes elos de amor espiritual e humano estão claramente presentes. As mães apaixonadas por seus filhos, de modo geral afirmam, que seriam capazes de sacrificar a própria vida em prol da vida dos herdeiros de seus sonhos e expectativas.
De forma inimaginável, para quem desconhece a profundidade deste singular e incondicional amor, mãe e filho exploram e ampliam as possibilidades desta cumplicidade amorosa, eles são dominados por uma exigência intrapsíquica de doação e dominação pacífica, eles possuem um ao outro e não admitem ser separados, eles reduzem o mundo em que vivem, nesta gigantesca e plena interação, sendo um o sentido do outro. Em 90 por cento dos relacionamentos mães e filhos, é o que acontece no contexto mágico do amor materno. Eis porque o amor materno é o mais puro e eterno amor conhecido pela humanidade.
A dependência inicial entre a mãe e sua criança, é um fato necessário mas transitório, pois no curso do desenvolvimento deste indivíduo,ambos também deverão exercitar os mecanismos psíquicos necessários a transição da dependência para a independência.
Gradativamente, o amor materno racional,viverá no desdobramento do tempo existencial de ambos, as suas outras possibilidades.
Na vida adulta dos filhos, o amor materno já deverá ter se transformado, no amor entre duas pessoas racionais e independentes.
Entretanto estas mudanças nem sempre acontecem da forma desejável. De vez em quando os laços afetivos maternos se transformam em um emaranhado de nos... Os apegos e as dependências geram equivocadas reações de ciúmes, controle e dominação.
Esse adoecer do amor materno também traz miséria, porque há constantes conflitos e nenhum ajustamento é possível.
Mães perigosamente dependentes dos filhos, não estão prontas para se comprometer com as exigências da realidade externa a elas e,ajustar-se com o mundo real em que vivem.
No outro extremo desta situação,curiosamente, existem mães que desejam viver desde o início do desenvolvimento dos filhos, um tipo de independência responsável e sem culpas. Na mente delas, é impossível para as pessoas viverem submissas e escravizadas a qualquer tipo de compromisso, como o de sacrificar a própria existência em prol dos filhos que vão crescer e no futuro dizer:"Fui!"
As críticas contra tal comportamento materno são veemente e cruéis, há quem as considere pessoas excêntricas, irresponsáveis e desalmadas...
Estas mães de natureza criativa e independente, anseiam por liberdade e muito cedo dão liberdade para os filhos, mas, para os apologistas do dever materno incondicional, a liberdade delas se parece mais com indiferença do que com liberdade; parece mais como se elas não se preocupassem, como se não importassem com os filhos...
Mães independentes, precocemente libertam os filhos do jugo materno,partindo cada um para seus próprios espaços.
Esta forma de relacionamento mãe e filhos pode parecer ser somente superficial. Mas, será realmente assim? Que direito temos de julgar o outro se não lhe conhecemos o coração?
No mundo, existem mães com comportamentos muito parecidos e outras assustadoramente diferentes...e, de fato, elas não são nem melhores nem piores, mas diferentes.
Há mães que vivem encasteladas em seus juvenis sonhos maternais, talvez porque elas tenham medo de ir fundo dentro de si mesmas - porque elas são mais presas a sua própria incapacidade de viver do que dar liberdade ao amor para crescer e voar. Essas mães não querem se comprometer com o novo...elas temem perder as suas endurecidas e inúteis fantasias maternais do passado.
No curso do desenvolvimento dos filhos, a possibilidade de uma interdependência independente é o ideal poucas vezes alcançado. Acontece muito raramente, mas uma vez que aconteça uma parte do paraíso cai sobre a relação mãe e filho.
A benção familiar ocorre sempre,Deus ama as famílias. Contudo,quando mãe e filho se transformam adequadamente em duas pessoas, nem independentes nem dependentes, uma tremenda sincronicidade se materializa entre eles, e nas ações que fazem diferença até na alma do planeta. Quando isto ocorre, o amor materno incondicional acontece em sua plenitude divina e humana. Somente esta forma sutil de amor maternal pode ser chamado de consciente amor espiritual.
(SME)

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