quarta-feira, 28 de abril de 2010

***** AVÓ USE E ABUSE

Avós tive duas como toda a gente. A paterna lembro vagamente pois faleceu enquanto eu era  bem miuda. Mas a avó materna, bem me lembro de cada momento com ela inesquecivelmente vivido.  Vóvó adorava fazer surpresas...era seu costume,  mandar de vez em quando, um pacote cheio de coisas deliciosas, nomeadamente balas, caramelos, biscoitos....chocolates e outras guloseimas para a nossa casa.
Era uma avó muita querida, que não vivia perto de nós mas na sua casa íamos todos aos domingos, comer pães, broas, bolachas e outros deliciosos petiscos... Era uma casa sóbria, de um encanto muito próprio, “a casa da vóvó Maria", onde os netos peraltas escorregavam escada abaixo pelo lustroso corrimão da escada. Também lá viviam , minha tia-madrinha e alguns  velhos inquilinos... mas a casa é claro, era a casa da vó Maria, o resto não interessava.
Agora que sou  avó, sinto bem como as avós têm uma mágica especial para os netos. É afetividade premiada, sem tensão ou preocupação, é mágica e não tenho para isso qualquer explicação. Se tivesse não era mágica… Dizer que adoro meus netos é verdade, e gosto que eles saibam desse amor, pulando alegres  no meu colo me chamando de vóvó querida.
Como é que se pode ser mais feliz, do que admirar os filhos dos filhos do seu amor  materno, levando adiante no tempo os sonhos que sonhei no passado.
Bem, mas aqui estou a recordar da casa de minha vó Maria, uma casa inesquecível com coisas misteriosas e fora do comum... Havia lá por exemplo, um gato com cara de poeta que vagueava pelo quintal, um papagaio zangado que pedia café e murmurava algo parecido com o "Pai nosso..."
No quintal de muros altos, desciam longas samambaias, e para o regalo dos netos, uma frondosa pitangueira  vez por outro floria, oferecendo pitangas gorduchas e deliciosas que nos manchavam os dedos e a boca com sua cor vermelho rubi... Vóvó adorava suas plantas e nós muitas vezes no corre corre do pique esconde derrubávamos no chão seus vasos de rosas e copos de leite, mas ela nunca ralhava...sorria, balançava a cabeça e dizia: " é isso aí...o tempo logo passa,  isso é arte de criança saudável". Ah! vóvó Maria, que saudade eu tenho daqueles dias...
Deus foi muito bom comigo, vó Maria viveu muitos anos, sempre lúcida e amorosa, rodeada dos filhos, netos e bisnetos...por todos ela era amada como é próprio para as avós especiais.
Comentava eu, no começo deste texto, que pude ter o amor de duas avós. Bem, os meus netos só podem contar comigo e aqui estou para lhes dar muitas alegrias.
Ser avó é ser generosa duas vezes, com os filhos e com os netos. É ter prazer em deixar seus afazeres para cuidar dos netos quando lhe pedem os filhos para curtir uma noitada... É mimar os netos sem deixar pistas...é levá-los para passear e contar histórias na hora de dormir...contar as mesmas histórias e muitas vezes se os netos pedirem.
Ser avó é ter boa vontade e ser sempre paciente, é nunca dizer: "já pra cama!" , é dar um tempinho a mais...fazendo de conta que não viu o adiantado das horas...
Minha avó foi alguém inesquecível...eu sou apenas uma avó legal, que sabe usar a internet, que sai com as velhas amigas para um cineminha, que gosta de caminhar bem cedo na praia para controlar as gordurinhas....mas que sempre tem tempo livre para curtir os netos e lhes dedicar o melhor da minha boa idade....


(SME)

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