sexta-feira, 30 de abril de 2010

***** ESTAMOS QUITES MEUS FILHOS!


Pois é, conversando sem demasiada ansiedade com algumas amigas, que também exerceram e ainda exercem o estressante e difícil ofício da maternidade, chegamos à conclusão terrível de que atualmente, ser mãe não difere muito de ser uma patrocinadora sem direitos, ou a eterna vilã dos antigos romances policiais: no final da história, a eterna culpada é sempre a mãe, digo,a governanta, a bábá, a serviçal...
Pois é justamente aí, nesse frustrante fato que reside o grande e irresoluto problema de ser mãe nesses "tempos bicudos" da juventude "pode tudo", sem qualquer responsabilidade. Porque para os filhos, a mãe é sempre a única e exclusiva culpada por suas desditas que nem a maquiavélica e indesejável personagem dos romances policiais. E é justamente em cima da mãe, a autora dos seus dias, que os filhos de hoje, sempre derramam seus fracassos, seus insucessos, suas frustrações existenciais.
A grande maioria dos filhos, mormente os filhos que vivem com os pais até se tornarem macróbios, parecem olvidar que são os filhos das dignas mulheres, que lutaram valentemente a favor dos direitos humanos e contra os preconceitos sociais, de uma forma ou de outra, e que construíram uma história de certa importância na vida deste planeta à custa de muitíssimo sacrifício pessoal. Os nossos jovens filhos, arrogantes e indiferentes têm sempre prontas na ponta da língua a nos cuspir na cara, na primeira discussão, as expressões trauma e mãe ausente. Portanto, todas nós, diletas mamães dessa mimada juventude, não passamos para eles de uma vasta confraria de “mães ausentes, castradoras,e neurotizantes“.
Não importa, para os nossos queridos filhinhos nada que possamos dizer em nossa legítima defesa. Eles não querem ouvir a nossa história, eles não querem escutar o que passamos para ser o que somos. Eles não querem ouvir. Eles não sabem ouvir, por isso é mais fácil para eles nos culpar pelo que são ou pelo que não puderam ser por suas próprias limitações ou até mesmo vagabundagem explícita. Essa geração queria o quê de nós? Que passássemos as nossas vidas inteiras desistindo do nosso projeto pessoal para trocar as suas fraldas desde que nasceram até hoje, por que permanecem crianças com medo de crescer, ou ainda, que trabalhassemos exaustivamente apenas para financiar os seus devaneios juvenis, e lazer sem fim.
Eu, particularmente falando ou escrevendo, estou mais do que cansada de viver nessa farsa e cansei de ser o "cocô do cavalo do bandido" nesse negócio sem nenhum futuro de relação mãe esquecida e filhos ingratos. De fato, peguei uma ojeriza irremovível dessas expressões batidas como “trauma de infância“ e “mãe ausente“. Sim, reconheço, posso até mesmo ser epitetada de “ trabalhadora mãe ausente e daí“? Hoje, os filhos que nos consideram ultrapassadas, nos culpam até por desfrutarmos de uma certa criatividade e sucesso, e o nosso nome que eles herdaram de graça, significar algo.
Enfim, há mães que não merecem os filhos que têm. Há filhos mal agradecidos que não merecem as mães que têm. No final das contas, dá empate técnico, estamos todos quites.

SME

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