terça-feira, 25 de maio de 2010

***** ME AJUDA MÃE !


Mãe... como estou com saudades da tua inesquecível pessoa!
Faz quatro anos que Deus te levou embora...mas eu te queria aqui.
Mãe, se eu fosse eterna, nem assim te esqueceria!
Mãe amada, como era bom ser tua filha !
Recorda mãe, da nossa casa da serra?
Daquele quintal gramado
Das árvores frutíferas por tuas mãos plantadas.
Do canteiro das hortaliças, das ervas aromáticas, e das ervas medicinais.
Lembra mãe, quantos chás, quantas garrafadas,
para os teus sábios tratamentos caseiros?
Mãe...como sinto a tua falta!
São tantas as lembranças...lembranças de coisas boas,
Dos teus quitutes, da macarronada dos domingos,
Da sopa de aipo, que nas noites frias perfumava a casa.
Recorda mãe dos discos na velha vitrola, eram valsas, tangos e boleros,
Músicas romanticas, que te deixavam os olhos distantes...
lembrando talvez, os amores da juventude...
fantasias vivas da mulher que outrora foi uma menina.
Nas noites de lua, ficavas ouvindo na varanda, lindas melodias,
A claridade da lua iluminava os teus cabelos brancos, o rosto sem rugas,
E no teu jovial coração se formavam as imagens dos teus sonhos.
Mãe, minha admiração por tua luta me fez forte e valente,
Tua simplicidade me ensinou valores que transmiti aos teus netos,
Hoje meu coração te queria por perto
Na minha memória sinto o calor do teu velho fogão de lenha,
ouço o crepitar do fogo consumindo a madeira,
E recordo do fumeiro em cima do fogão, com lingüiça e toucinho.
E do cheiro doce do chá de cidreira, na grande chaleira de cobre.
Mãe, por ter nascido do teu ventre sou uma mulher de sorte
Tuas canções me embalavam ao dormir, teu olhar amoroso me saudava ao acordar
Mãe, lembro daquela 'mesona' da sala de jantar toda coberta de azulejos,
E do armário de pinho de riga, carinhosamente feito por papai,
Lembro da cristaleira iluminada com a louça do teu casamento,
Dos potes de vidro com tuas maravilhosas compotas,
Dos teus licores caseiros um regalo extra para os dias especiais.
Mãe, recodo dos nossos natais,
Da família reunida, da algazarra das crianças.
Do capelete ao brodo, feito pela vovó,
Da massa de pastel frito,
Cortada em tirinhas e temperadas com aniz, açucar e canela.
Do vinho quente misturado com açucar e água. Uma delícia que nos fazia rir !
Mãe, quando chovia, a criançada te rodeava pedindo pipoca doce e salgada
Tu sorrias e prazeirosamente atendia,
Depois era a vez dos bolinhos doces de trigo frito,
Bolinhos que chamavas de 'bolinhos de chuva". Que gostosura!
Mãe, eu gostava de te ouvir cantar, voz suave, afinada,
Voz que cantava alegrando a casa
E contava histórias de reinos distantes e abençoados!
Tua bondade mãe me fez viver estes momentos encantados
Lembra mãe, dos nossos sábados a noite, enquanto papai trabalhava?
Já de pijamas, eu e a mana, aconchegadas ao teu lado,
Escutávamos assustadas o Teatro de Mistérios na Radio Nacional
A gente tinha medo, mas ao mesmo tempo sabia que eram 'histórias de mentirinha'.
Depois para acalmar, o medo virava alegria
No doce chá de cidreira com dois pedaços de bolo de laranja.
Mãe...como estou com saudades da tua inesquecível pessoa!
É tão grande a falta que me fazes.
Esta saudade triste faz doer meu coração.
Mãe, nunca deverias ter partido!
Tenho saudades do papai, da vovó, mas a saudade que sinto de ti é diferente
É uma saudade que me faz frágil, nostálgica,
Com noção clara da tua finitude...e da minha finitude também.
Mãe, muitas vezes chorei sozinha,
Todos se foram, a nossa família acabou...
A mana que restou virou inimiga...sucumbiu na ganância, nas maldades.
Mãe por ela eu te vi chorar quietinha, esperando ve-la para perdoar
Eu te cuidava mãe sofrida, e comovida secava as tuas lágrimas
Lágrimas da minha mãe angustiada, que sabia estar próximo o seu partir
Lágrimas de mãe pela ausente filha ingrata, que no leito da morte a abandonou.
Hoje sei perfeitamente que tuas lágrimas eram de saudades e de perdão!
Eu sei mãe que onde estás,
Tens compaixão daquela filha indiferente, que das dores não te poupou
Mãe perdoe-me, se hoje perturbo a tua paz com meu pranto e desabafo,
Eu sei mãe, que se aqui estivesses,por certo estarias chorando comigo.
Mãe, que falta tu me fazes sempre!
De onde estiveres conforta o meu coração,
Me ajuda mãe a não morrer antes que esse desafeto tenha fim!

SME

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