terça-feira, 25 de maio de 2010

@ SAÚDE @ _ SME EM SOLIDARIEDADE COM A AHPAS TRANSPORTE PARA CRIANÇAS COM CANCER.


SME _ INFORMAÇÃO


História...
A história da AHPAS (pronunciamos "A Paz"!) - Associação Helena Piccardi de Andrade Silva - começou como começam tantas outras histórias de entidades assistenciais: uma perda precoce, dois pais desolados, um sentimento de missão não cumprida, a necessidade de transformar uma dor depressiva em dor solidária e transformadora... Então surgiu a idéia da AHPAS. Uma entidade assistencial com o objetivo específico de oferecer transporte confortável a crianças carentes portadoras de câncer, durante o período de tratamento... E mais: oferecer qualidade de vida em um período de extremo sofrimento para a criança e sua família.


O nome da associação é uma homenagem à Helena, que é de fato a verdadeira "fundadora" da AHPAS. Helena, filha de Luiz Maurício e Tatiana, fundadores no papel, viveu cinco lindos anos junto a sua família, mas depois, vítima de um tipo de câncer fatal, partiu deixando atrás de si a semente que ora germina.
Um país de dimensões territoriais como o nosso, que tem importante parte de sua infra-estrutura hospitalar localizada em alguns poucos centros, necessita ter - a exemplo da entidade norte-americana Wings of Hope - esquemas alternativos de transporte, para complementar o transporte oficial existente.
Com este aspecto em vista, aliado ao fato de muitos doentes abandonarem seus tratamentos por dificuldades de locomoção, foi criada a AHPAS (pronunciamos "A Paz"!), entidade sem fins lucrativos, destinada a prestar assistência no transporte aéreo e terrestre de crianças com câncer em período de tratamento.
Obtenha mais informações ligando para (011) 5535-2726 (011) 5535-2726 .
O apoio ao luto dos pais dos jovens atendidos pela AHPAS que infelizmente vieram a falecer forneceu os elementos de que se necessitava para ampliar a atividade da AHPAS, dirigindo-a também aos pais. Assim nasceu o Núcleo Marcela Costa Baptista de Apoio a Pais Enlutados.
Após a perda de um filho, os pais enlutados precisam de toda a ajuda emocional, a fim de que encontrem os meios para, pouco a pouco, estabelecerem um novo equilíbrio em suas vidas.
O Núcleo Marcela Costa Baptista de Apoio a Pais Enlutados existe justamente para ajudar nesse período tão difícil, atuando para proporcionar algum alívio e conforto, e promover a esperança, importantíssima para a reconstrução do sentido da vida.
São os seguintes os objetivos básicos do trabalho do Núcleo:
- Proporcionar aos pais o sentimento de que não estão sozinhos.
- Mostrar a eles que sua criança não será esquecida.
- Proporcionar a oportunidade de que muitos pais, em especial as mães, tanto precisam, que é a de poderem falar bastante do filho falecido, e chorarem o quanto quiserem (se quiserem).
- Oferecer momentos de alegria, descoberta e encontro interior, através de atividades de interesse do grupo
O Núcleo Marcela Costa Baptista de Apoio a Pais Enlutados inspira-se em entidade similiar, a americana Compassionate Friends, fundada especificamente com o propósito de oferecer apoio a pais que perderam filhos
Tal qual na Compassionate Friends, o trabalho no Núcleo não possui caráter religioso, é voluntário e a participação é gratuita.
Maiores informações, pelo telefone (11) 5535-2726 (11) 5535-2726 .

.........Agora, gostaríamos que você conhecesse um pouco mais desta história, triste sim, mas profundamente bela............
ENSAIO DE HELENA POR TATIANA PICCARDI...
Helena, a mamãe vai te levar a um lugar muito bonito, através da nossa imaginação... Esqueça esses tubos incômodos que te ligam a um tipo de vida que não interessa mais. Ouça esta música que gravei pra você. É com ela que poderemos chegar ainda mais rápido a esse lugar de que lhe falo, esse lindo lugar.
Que bom que seus olhinhos já estão fechados, pois assim será mais fácil concentrar-se. Agora a música nos embala e nos leva para o mundo das cores, a porta de entrada para o nosso lugar. Mas veja, não são cores comuns, elas têm vida, existem por si, em forma de luzes muito brilhantes e intensas.
Helena, veja só, cada cor que vai aparecendo penetra em nossos corpos ... Nos traz paz, uma espécie nova de alegria, tão suave, e tranqüilidade, tanta tranqüilidade ... ao mesmo tempo nos sentimos tão cheias de energia, não é mesmo? Estamos cada vez mais fortes e bonitas.
Agora, meu amor, através das cores, que aos poucos se desfazem e penetram em tudo o que as cerca, tal qual a neblina da manhã, já podemos vislumbrar o lugar maravilhoso de que estou falando. Veja!! Que lindo lugar! E olhe só para nós! Estamos vestidas de branco, a brisa esvoaça nossas saias, os pés descalços pisam firme em texturas macias, nosso chão é um chão de grama morna e verde sem pontas. Vamos correr? Me dê sua mão, vamos, vamos, tem muito gramado pela frente, venha, filhota!! Ufa! Que delícia! E a brisa que sopra em nossos rostos nos eleva à altura dos pássaros, que cantam tão perto... Confundo nossas vozes com o canto dos pássaros, tão próximos estão de nós, acompanhando nossa brincadeira...Vamos deitar na grama? É tão macia... Isso. Vem do meu lado. Abra bem seus bracinhos, filha, e afaste as pernas. Agora somos duas estrelas fitando o céu infinito. Duas estrelinhas neste imenso gramado. Sinta o verde vivo que penetra nossos corpos. Não estranhe, filha, é do fundo da terra que vem esse calor, deixe que entre em você, enquanto olhamos para o céu... tão azul, não é? Muito azul... Algumas poucas nuvenzinhas brancas passeando como as ovelhas das velhas histórias de pastores, lembra-se? ...
Que tal nos levantarmos agora? Vamos continuar a passear? Agora sem correr. Vamos andar bem devagarinho e respirar fundo... Sentiu o perfume? De que será? Sim, claro, vem das flores, olhe lá, estamos nos aproximando de muitas, muitas flores! Deus meu! Não acabam nunca! Vamos colher algumas? Mal posso escolher de que cor, são tantas cores: amarelo, cor-de-rosa, violeta, vermelho, branco, laranja... Ei, há uma cesta bem atrás de você! Vamos lá, vamos encher a cesta de flores. Primeiro as amarelas, que tal? Espere, estas flores são mágicas. Você está ficando dourada, filha! Como você brilha! Como pode brilhar tanto assim? Como consegue brilhar mais do que sempre brilhou?
.... Agora as azuis. Mas por qual tom de azul começar? Há todos os tons por aqui. Pare de rir, Helena, estou confusa mesmo, nunca vi tantas flores juntas, tantas cores em forma de flores ou flores que trazem cores, não sei mais... Está bem, é difícil não rir da mamãe assim estabanada. Agora pare de rir e me abrace, querida, me abrace, assim, assim, este é o nosso paraíso, ninguém a perturbará aqui, ninguém.
Nena, você está vendo lá no horizonte? Bem longe? Alguém vem chegando! E se aproxima rapidamente! É um homem bonito e forte, veja, e carrega um escudo prateado e de sua espada reluzem raios azuis! Parece um homem bom, muito bom... Vamos nos ajoelhar, ele está erguendo sua espada sobre sua cabeça, filha!, e vai dizer alguma coisa: "Helena, linda menina, forte e corajosa, vim lhe trazer os raios azuis de minha espada. Estes raios penetram no seu corpo e o libertam de todo o mal. Não há mais dor, só liberdade. As flores que colheu formarão o mais lindo buquê e a mais nobre coroa. Use-os para seguir o seu caminho."...
Helena, pronto, não fique assustada, o homem se foi, diluiu-se aos poucos em meio às flores... E olhe só! Na sua cabeça! É linda sua coroa! E no chão, logo ali, o buquê! Pegue-o . Está feliz? Vejo que sim. Pena que agora o papai não pode vê-la para apreciar mais uma vez sua beleza incomum. Bem, creio que entenderá. Afinal não podia vê-la quando você morou dentro de minha barriga, não é verdade? E amou-a da mesma forma.
Nena, faltou colher flores brancas. Segure o cesto enquanto colho algumas brancas. Isto. Mais algumas e ... está bom assim. Não está? Helena? Onde você está? Faltam estas flores, as brancas... Helena! Você está aí? Estas flores brancas são ainda mais mágicas que as amarelas! Você está translúcida como o amanhecer depois de uma madrugada orvalhada! Quase não posso reconhecê-la! Querida filha, mal posso olhá-la tamanha a intensidade dessa luz branca que vem de você. Posso apenas entrever seu sorriso, seu sorriso de menina feliz que ganhou boneca nova...
É verdade. Deve estar na hora. Não sabia que me sentiria assim tão leve neste momento, parece que flutuo junto com você, junto com a luz branca que vem de todos os lugares! Luz que ofusca e separa. Já não posso mais vê-la, mas sei que você está aí, posso sentir seu olhar; não ouço a voz, mas seu cheiro está em toda parte... A brisa que continua a esvoaçar meu vestido é você me puxando para brincar. Logo mais, Helena, logo mais; por enquanto, até breve, minha filha querida. E não deixe cair a coroa, nem perca o seu lindo buquê!

(*) Esta história foi contada por mim à minha filha, na UTI do hospital, minutos antes de nossa despedida...

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